sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal! O meu, na verdade...

Assim: Junta eu, minha irmã Andrea, Meus filhos Sarah e Lucas, come igual um bando de porcos gordos...

Pausa para uma diálogo entre minha mãe e minha filha:

- Sarah: Não quero mais comida não.
- Mãe: Vai comer pela boca ou vai comer pelo cu, mas vai comer!

... E agora estamos aqui na sala, eu e minha irmã enchendo a cara com vinho aí minha irmã parou para ler o rótulo do vinho pra mim. Sempre foi meu sonho que alguém lesse pra mim o rótulo do vinho... E o melhor, em espanhol, afinal é um vinho chileno, ano... ela tá aqui procurando o ano, a safra no rótulo do vinho. Nunca tive tanta informação sobre algo que eu ingeri! Rs! Viva o Natal! E viva Déa!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Socorro...

Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...

Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena, qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...

Socorro!
Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento, encruzilhada
Socorro! Eu já não sinto nada...

(Arnaldo Antunes)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Final de "A hora da estrela" Para quem duvida que existe perfeição...

O instante é aquele átimo de tempo em que o pneu do carro correndo em alta velocidade toca no chão e depois não toca mais e depois toca de novo. Etc., etc., etc. No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada.
Eu vos pergunto:
- Qual é o peso da luz?
E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?!
Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.
Sim.»

in A Hora da Estrela
Clarice Lispector

Poema de um grande poeta e amigo

Poema

A beleza interior não existe
A exterior predomina
Corpos vazios, mentes vazias
Apenas uma mente doentia

Doentia ao ponto de não aceitar
Que sua beleza
Infinitamente incomparável
É apenas sua!

Porém a beleza alheia
Tem mais beleza
Ofuscados pelo consumismo
Pelo mais do mesmo

Abraços perdem sentido
Tornam-se vazios
Sem sentimento
Sem carinho

“Eu te amo” não tem sentido
O “amor poético” não existe
O amor platônico ganha forma
Vida e cor

Palavras são metralhadas
Sem sentimento
...secas...
...falsas...
...amargas...

Porém não desisto
Luto pelos meus ideais
Junto a sociedade suja
Eu luto pelo meu sonho

Esperando ouvir no vento
Sussurros de amor
Palavras verdadeiras
Cheias de carinho e ternura...
...outra vez...

Corrompidos

Iniciado 9 de julho de 2010 10:20

Victor Helloise

Diálogo tosco

Diálogo entre eu e um amigo:

Eu: Acho que tu deveria ficar com uma mulher que te dê uns beijos de tirar o fôlego, uns amassos de deixar suas pernas bambas...
Ele: Uai... mas se eu resolver sentar no colo dela, as pernas dela é que ficarão bambas... ou quebradas, talvez ela fique um mês sem andar.
Eu: Então eu te apresento uma de 1,90 metros.
Ele: Mas vai ser uma mulher ou um travesti?
Eu: Mulher, travesti, faz diferença?
Ele: Faz sim, travesti o buraco é mais embaixo.
Eu: Mas mulher também tem o buraco bem embaixo.
Ele: Mas travesti só tem um buraco e é muito embaixo, bem mais embaixo que o da mulher.
Eu: Nada, os dois da mulher são muito embaixo, são bem próximos.
Ele: São tão próximos assim não...

Bom, é isso. Começamos falando uma coisa e acabamos viajando em outra nada a ver (sempre assim). Essa discursão continuou um tempo até nos perguntarmos porque chegamos nisso.

sábado, 4 de setembro de 2010

"O não querer era tantas vezes a forma mais desesperada de querer."

(Clarice Lispector, A maçã no escuro)

Sem nome mesmo

O encontro de, o misticismo, o excesso de, o que tem dentro de, o que se sabe, mas que por não saber que se sabe, não se sabe, o medo de...
A dicrição do grito que é dado, pois se assim não for (...)
A porra da discrição! A falta de uma coisa qualquer, ou de uma coisa não qualquer, porque se fosse assim tão qualquer o que justificaria tal falta? O QUE JUSTIFICARIA TAL FALTA?
É falta de algo que nos compõe... mas só, talvez agora, compõe de uma maneira metafísica... e como não somos naturalmente metafísicos, ou treinados para sê-lo... daí fica tudo tão incerto... Ah se fosse possível a materialização!
Se possível fosse que os sentidos pudessem de alguma forma - da forma de cada um - "experimentar", ainda que só uma vez, para tornar possível um relato. Sem relato parece que não houve, ou houve mas é desconhecido, logo não houve. O relato só é possível através dos sentidos. O que não passa por eles é irrelatável e de alguma forma irreal.
E esbarra-se nos limites de nossa própria constituição.

Conversa por telefone com Pedrito

- Oi Lu!!!
- Oi Pedrito! Saudade de você! O que você tá fazendo de bom hoje?
- Ai Meu Deus!
- Que foi Pedrito?
- Tem um fogo ali!
- Onde, aí na sua casa???
- Sim, lá no fundo! Tá pegando fogo!!!! Lu, depois te ligo!
...

Ninguém É Igual a Ninguém Humberto Gessinger

Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
Ninguém = ninguém

Me encanta que tanta gente sinta
(se é que sente) a mesma indiferença
Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro

Há palavras que nunca são ditas
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:
Ninguém = ninguém
Me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira

São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros

Há pouca água e muita sede
Uma represa, um apartheid
(a vida seca, os olhos úmidos)
Entre duas pessoas
Entre quatro paredes

Tudo fica claro
Ninguém fica indiferente
Ninguém = ninguém
Me assusta que justamente agora
Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora

São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros

O que me encanta é que tanta gente
Sinta (se é que sente) ou
Minta (desesperadamente)
Da mesma forma

São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais que os outros
São todos iguais
E tão desiguais
uns mais iguais...
uns mais iguais...

domingo, 15 de agosto de 2010

sábado, 7 de agosto de 2010

"Gostar é a melhor forma de ter. Ter é a pior forma de gostar." (José Saramago)

...

Li recentemente um artigo que me chamou muito a atenção e que permaneceu na minha cabeça alguns dias. Era um paralelo entre o pensamento e obra de duas das minhas autoras prediletas: Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus.
A primeira dispensa maiores explicações porque é conhecida, é uma das maiores escritoras do mundo e teve seu talento reconhecido, embora também tenha sido muito criticada porque como sempre escreveu sobre questões existenciais, sentimentos, buscava respostas subjetivas, era chamada por muitos de alienada. Ora, com tantos problemas e ela ocupava-se escrevendo sobre questões interiores!
Eu pessoalmente reconheço nela um talento raro de traduzir sentimentos que muitas vezes não sabemos expressar, ou pelo menos não com tanta arte. Sua marca era as metáforas utilizadas, que, somadas ao seu jeito único de narrar resultavam textos de rara beleza.
O paralelo foi feito pelo fato de as duas autoras serem vozes femininas bastante representativas no sentido de expressarem de alguma forma um protesto.
Mas agora falemos de Carolina, por sua vez bem menos conhecida: Carolina conta sua vida através de seus livros em forma de diários que ela foi escrevendo ao longo da vida. Ela era negra e desprovida de qualquer conforto material, ou melhor, sejamos diretos, viveu em miséria extrema. Cursou até o segundo ano do ensino fundamental, mas narrou sua história através se seus livros de forma esplêndida e conseguiu dessa forma fazer várias denúncias acerca do descaso, da indiferença, do desrespeito para com aqueles que sequer têm providas as necessidades básicas para um indivíduo viver de maneira saudável. Ela expressa isso de uma forma única, mas apesar disso foi barrada pela elite intelectual devido à baixa escolaridade e devido também e principalmente ao conteúdo de seus livros. Seus protestos se ouvidos poderiam provocar alguma reação, talvez incentivar alguma providência da parte do Estado, de alguma forma fazer alguém se importar e fazer algo para sanar tamanho sofrimento. Esse sofrimento é o preço pago para que alguns tenham um bem estar a meu ver injustificável. Para uma meia dúzia de burgueses ter tanto luxo milhões estão pagando um alto preço que é a fome.
Nesse artigo falava que Carolina era uma escritora que não ter a regalia de sofrer com questões existenciais.
Agora acho que chego onde quero chegar: Sofrer por questões interiores, por não achar respostas para conflitos de ordem existenciais é sim uma regalia, e associo o aumento do número de pessoas com algum quadro depressivo ao aumento da qualidade de vida.
Ora, e como alguém com uma vida como a da Carolina, tendo que catar lixo para vender para conseguir alimentar os três filhos vai agora parar para cultivar a dor de existir? Como ela vai pegar os poucos trocados que consegue juntar e deixar de comprar arroz e pão para ela e os filhos e comprar fluoxetina, rivotril e lexotan?
“Ah não, hoje não poderei trabalhar porque meu corpo só tem vontade de continuar na cama e estou sofrendo com tristeza extrema... meus filhos que esperem mais alguns dias para comer enquanto minha tristeza passa.”
Muito fácil para quem não tem que contar moedas ficar choramingando porque a vida está ruim. Porque dói algo não se sabe onde nem porque. Penso que pode até ser um certo remorso inconsciente por ter tanta gente vivendo de maneira desumana e a pessoa está bem, então ela tem que inventar um problema. Ou talvez porque a vida anda monótona, sei lá, um probleminha, mesmo que inventado talvez ajude...
Ah mas são questões físicas, a ciência já comprovou, alguns afirmam. Ótimo! Usemos então a tática de desviar o foco da dor: pega um infeliz desses que ta deprimidinho e bota pra lavar roupa na mão o dia inteiro, ou capinar, andar o dia inteiro no sol que aí a dor que ele vai sentir nas costas, nas pernas vai fazê-lo esquecer das aflições.
Certa vez na faculdade, numa determinada disciplina que não lembro agora qual foi, a professora passou um filme que mostrava duas realidades distintas: no primeiro víamos adolescentes em crise, “sofrendo” porque tinham que se dedicar muito aos estudos, porque nas suas escolas particular caríssimas conseguir atingir a média não era algo fácil e ainda tinham que conciliar o curso de inglês (...), fora que é difícil lidar com o fato de ter tanto dinheiro.
Depois mostrava adolescentes no interior do país, nos lugares mais pobres possíveis, sofrendo também, mas por outra razão: eles não tinham comida, nem sandálias, nem transporte para se locomoverem ate a escola, e tinham que ir a pé no sol.
Depois do filme a professora deu inicio à tortura, que ela chamou de debate. Tínhamos que falar sobre o que achamos da situação exposta no filme e pasmem: as pessoas acham que são dois tipos de sofrimento distintos, mas que não existe um que pode ser considerado mais grave. Os dois devem ser vistos com a mesma importância. A questão dos primeiros alunos (não sei como chamar essas questões) são tão dolorosas quanto a fome dos segundos e existem outras fomes tão graves quanto a fome de comida. A quem pensa assim, sugiro que tente passar cinco dias sem comer absolutamente nada a andando no sol.
Utopia tem limite, frescura principalmente.

domingo, 18 de julho de 2010

Como já bem afirmou Spinosa, nenhum fato ou coisa por si só é bom ou ruim. Tudo é absolutamente neutro. Somos nós que, de acordo com nossa percepção, classificamos de alguma forma. É nossa necessidade de alguma coisa que torna essa coisa importante, que faz com que a encontremos.
Assim é com o amor. Buscamos alguém para dividir momentos, criamos essa necessidade de tal forma que surge esse tão esperado alguém. E olha que coisa fantástica: encontramos alguém que tem exatamente o perfil de que "precisávamos"! O perfil na verdade, somos nós quem idealizamos. Por isso a maior parte dos relacionamentos afetivos têm conflitos. Amamos pessoas não da forma que elas são, mas da forma que queríamos que elas fossem. Da forma que elas são, não tem como amar porque não há como descobrir. Ninguém se revela totalmente, e o pouco que fazem, normalmente já é o bastante para causar desastres nas relações.
As pessoas na sua forma pura assusta, e faz-se necessário fingir o tempo todo. Compactuar de opiniões, sonhos, experiências... Pôr a máscara de viver.

sábado, 17 de julho de 2010

A metamorfose ou os insetos interiores ou o processo (O teatro mágico)

"Notas de um observador:

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)vertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se

A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores."

sábado, 3 de julho de 2010


"Estou cega. Abro bem os olhos e apenas vejo." (Clarice Lispector)
Hoje, ao assistir ao filme crianças invisíveis, que trata da questão da exploração sexual de crianças e adolescentes, durante a aula de fundamentos da educação ambiental, senti a inevitável comoção que provavelmente também tomou conta de meus colegas e que sempre vem ao assistir filmes do gênero.
Mas, o pior foi quando a professora anunciou: “Façam uma reflexão livre sobre o filme e tragam na próxima aula.
Ao ouvir isso senti uma sensação horrível. Eu faria uma reflexão sobre o quanto o fato é triste, como é injusto criancinhas sofrerem tanto, descaso político, descaso social, repugnância e sei lá mais o que.
A questão é que o fato de eu saber que eu, assim como o restante da turma faríamos uma reflexão com os mesmos lamentos (e o faremos ainda inúmeras vezes), causa-me mal estar. Falaríamos acerca da nossa impotência também... e mais uma série de pensamentos utópicos.
Não sei o que é mais incômodo: Fazer a reflexão, que lembra-nos o quanto somos pequenos diante do mundo, ou, para se livrar dessa difícil missão, ignorar, não pensar mais nisso e ir logo fazer outra coisa, talvez outro trabalho de outra disciplina. Mas agora já é tarde: já pensei, e pensar em não pensar não ameniza a angústia, ao contrário, só a piora.
Mas qual o sentido de discursar acerca da infância sofrida, da miséria, se hoje ao passar pela rodoviária, ao ver crianças nas mesmas condições que as vistas no filme, nada fiz? Como sempre segui meu caminho agindo como se o problema não fosse meu.
Não. Não dá para continuar escrevendo, nem pensando, nem evitando pensar acerca do assunto. Vou fumar um cigarro, depois dormir.

sábado, 26 de junho de 2010

"Eu quase que nada não sei, mas desconfio de muita coisa." (João Guimarães Rosa)

Apresentação

Sou Luciana Oliveira. Estou pensando num jeito de me apresentar sem ficar parecendo apresentação de orkut...
É foda, que dá um branco... Ouço o tempo todo das pessoas que sou bem diferente.
Daí penso que é porque penso diferente... mas...todo mundo pensa diferente, logo o fato de eu pensar diferente não me torna em especial diferente.
Então penso que é pelos meus gostos exóticos, tipo balinha de canela, cactos, o Louco, que aparece de vez em quando nas histórias do Cebolinha, as saias estilo colegial, que, segundo minha irmã, são incompatíveis com minha idade. Ou talvez seja a fisionomia, o rosto um tanto quanto marcante...
Nem sei.

O que

Tem muita coisa na vida da gente,
Tem muita gente nas coisas da vida,
Um universo que versa, versatilidade...
verde, verdade, irmandade, e claro
uma pena, talvez não hostilidade...

Um pequeno grande ponto,
o mundo percorrido num segundo
se relativizado, limitado
ilimitado pela ilimitada mente
que quase sempre mente
tira do nada sementes
que originam, giram, somem...

Parece que o novo aparece como tudo,
e que tudo não existe porque é desconhecido,
e sempre será, e o que virá...
pode não vir, daí a surgir... o porvir...

O novo que chama pro velho que espera o novo com esperança,
espera-se como uma criança que não cansa de não cansar...
E repentinamente ou periodicamente sente-se o que se sente...

Daí assusta, ofusca, não busca..., acaba
Mas tem algo a dizer... a palavra falta, faz falta
exitante, distante, dita
nunca fora ouvida, nem será
Portanto, enquanto o pranto de nada valer,
num canto guardado vou manter...

Até que... que acabe o que talvez nunca acabe
ou sequer comece
ou acabe, mas de novo recomece
como uma preciosa prece precisada, imprecisa que...
proferida sara feridas
reacende a chama que chama
com força, e força a tá aqui ou lá
o que ninguém sabe onde está...

sábado, 8 de maio de 2010

Se tem um tipo de pessoa chata e pedante é o intelectual. Pode parecer (talvez seja mesmo) uma opinião preconceituosa, no entanto, mesmo quem não esteja de acordo, há de convir comigo após a análise dos argumentos (narração de algumas atitudes de pessoas “intelectuais” que convivem comigo) descritos abaixo que minha opinião tem fundamento.
Recebi um e-mail criticando a rede globo de televisão. Até aí tudo bem já que trata-se de um dos maiores veículos de manipulação em massa do mundo atual. Mas o interessante é o teor da crítica: diálogo entre duas modelos numa novela que gerou uma discussão por email entre a diretoria do Instituto de
Cultura Árabe (ICArabe) e os responsáveis pelo setor de teledramaturgia da
Rede Globo.
O autor da crítica acusava veementemente a rede globo de preconceito, de irresponsabilidade, desrespeito e criticava o teor do referido diálogo afirmando que o mesmo era vazio, fútil, desinformado e blá blá blá. Afirma ainda que isso é desmerecer o intelecto do telespectador . Deve ser porque ele acha que todos, assim como ele vivem em prol de absorver conhecimento erudito para passar as 24 horas do dia num processo de masturbação intelectual, que segundo eles os coloca numa posição superior. Agora a base de tal idéia deve ser a única pergunta no mundo para a qual eles não têm resposta. Não tem resposta porque sequer formularam tal pergunta já que a mesma ameaça suas vaidades, por sua vez, bem maiores que a tão ostentada inteligência.
Olha que coisa bizarra: estão tão imersos no seu mundo de informações para saírem por aí arrotando conhecimento que sequer percebem sua inutilidade. Pois bem, alguém devia avisar à um indivíduo desses e quem pensa por essa linha, que novela, assim como outros programas televisivos, visa simplesmente entretenimento e tem como público alvo, pessoas que buscam apenas um programa para distração, relaxamento.
Porque essa cambada de à toa não se ocupa em ler uma enciclopédia no horário da novela ao invés de assistir e ficar criticando? Ainda afirma que o diálogo exibido na novela é preconceituoso. E a tentativa de inferiorização de elementos da cultura popular? Isso não é preconceito? Sim, eu disse cultura! Quem discorda, pega um dicionário e verifica o significado da palavra cultura.
Mas calma que tem um tipo que é a versão piorada do intelectual: o pseudo intelectual . Aquele indivíduo que leu meia dúzia de livros, aprendeu um indioma, aprendeu alguns conceitos na faculdade e acha que é a própria reencarnação de Kafka.
Na ocasião da exibição do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, ao elogiar o desfile da União da Ilha que exibiu o tema “Dom Quixote”, numa conversa com um amigo que classifico como pseudo intelectual, ele comentou que a escola não mostrou a real obra de Cervantes (e todo aquele papo que não vou reproduzir por respeito aos leitores) e me perguntou se eu li a obra. A criatura acha que para ter acesso às informações sobre Dom Quixote tem que ter lido o livro. O incrível é que quer ser tão inteligente e desconhece as funções da arte. Acredita que tudo pode ser conceituado. De carnaval então ele só deve saber que é feriado.
Cuidado! Os pseudo intelectuais estão espalhados por toda parte e proliferando-se a cada dia! Se você encontrar algum o mais seguro é não contrariar, se fizer isso terá que ouvir as asneiras que eles soltam. Diga o que eles querem ouvir logo (como eles são bem informados) e eles acabarão mais rápido seu show de asneiras.
Uma boa utilidade para eles seria usá-los para punir acusados de crimes bárbaros.
Seria um grande triunfo no combate à criminalidade. Bastaria colocar um pseudo intelectual para ministrar palestras para os acusados durante duas horas diárias. Isso serviria de exemplo para as pessoas que pensariam duas vezes antes de cometer crimes e reduziria significativamente a criminalidade.
O único problema é que agora inventaram a questão de direitos humanos que proíbe torturar pessoas.

domingo, 7 de março de 2010

Problema social

(Guará/Fernandinho)

Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem

Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual

Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social

Soneto menininho de rua

Lá vai ele de novo,
aquele menininho triste e sem esperança
esperando a piedade do povo
e, apesar de tanta dor, ainda traz consigo a alegria de criança

Sua missão diária é proteger-se do frio e da violência
Quando não há o que comer
o jeito é cheirar alguma coisa,
tomar alguma providência

Como se tudo isso fosse pouco,
as pessoas ainda olham com desprezo e nojo
Ninguém se importa com ele

Agora foi expulso de onde estava
O jeito é procurar outra morada
Lá vai ele de novo...