sábado, 3 de julho de 2010

Hoje, ao assistir ao filme crianças invisíveis, que trata da questão da exploração sexual de crianças e adolescentes, durante a aula de fundamentos da educação ambiental, senti a inevitável comoção que provavelmente também tomou conta de meus colegas e que sempre vem ao assistir filmes do gênero.
Mas, o pior foi quando a professora anunciou: “Façam uma reflexão livre sobre o filme e tragam na próxima aula.
Ao ouvir isso senti uma sensação horrível. Eu faria uma reflexão sobre o quanto o fato é triste, como é injusto criancinhas sofrerem tanto, descaso político, descaso social, repugnância e sei lá mais o que.
A questão é que o fato de eu saber que eu, assim como o restante da turma faríamos uma reflexão com os mesmos lamentos (e o faremos ainda inúmeras vezes), causa-me mal estar. Falaríamos acerca da nossa impotência também... e mais uma série de pensamentos utópicos.
Não sei o que é mais incômodo: Fazer a reflexão, que lembra-nos o quanto somos pequenos diante do mundo, ou, para se livrar dessa difícil missão, ignorar, não pensar mais nisso e ir logo fazer outra coisa, talvez outro trabalho de outra disciplina. Mas agora já é tarde: já pensei, e pensar em não pensar não ameniza a angústia, ao contrário, só a piora.
Mas qual o sentido de discursar acerca da infância sofrida, da miséria, se hoje ao passar pela rodoviária, ao ver crianças nas mesmas condições que as vistas no filme, nada fiz? Como sempre segui meu caminho agindo como se o problema não fosse meu.
Não. Não dá para continuar escrevendo, nem pensando, nem evitando pensar acerca do assunto. Vou fumar um cigarro, depois dormir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário