terça-feira, 29 de março de 2011

Aleatoriedade

Aleatoriedade é uma palavra ilusória. Ou melhor, não a palavra em si,
esta pode até ter sentido. Mas o seu sentido é algo que nunca vai sair do campo
das idéias.
Nada é aleatório. Nossa existência, por exemplo é o resultado de uma conspiração
universal que nem a ciência, nem nada explicam porque está no campo metafísico.
Infelizmente esbarramos nos limites de nossa
humanidade.
Existem n explicações, n estudos extremamente sistematizados, mas que
todavia não respondem à perguntas como: “Por que eu? Por que não eu? Por que
você? O que é exatamente essa parte de mim que sinto tão forte mas que não é
matéria?
Engraçado, mas nunca vimos nosso próprio rosto, mas tão somente o reflexo dele.
Se vermos por este lado, o outro tem mais poder sobre a gente do que a gente
mesmo. O outro ver nosso rosto, que é o que temos que mais fortemente expressa
o que somos, enquanto nós... Meu Deus, quanta impotência para um ser que se
julga capaz de manipular até o que não se tem certeza que existe, se é que
existe a certeza da existência de algo...
Nós (não consigo pensar nisso sem rir)... NUNCA NENHUM DE NÓS VIU O PRÓPRIO
ROSTO!
Não creio que nossas formas, nem absolutamente nada que nos constitui
é aleatório. Nossa voz... em algum lugar, em algum momento ela será para alguém
ouvida como algo tão doce, tão terno, tão forte, que as palavras não têm o poder
de expressar.
E um sorriso às vezes não é um sorriso, mas um convite à vida. É uma espécie de
porta representada por dentes amostra, atrás de lábios... e atrás dessa porta,
toda magia da vida, toda ela com seus encantos ali representada.
As palavras tão pouco devem ser aleatórias. Elas, embora pobres diante
da existência, são o que fizermos com ela. Elas são, à medida que fizermos elas
serem.
Dormir, acordar, trabalhar, consumir. Tudo isso vira nada se não pararmos e
percebermos e nos percebermos no mundo como parte dele, como uma pequena mas
significativa partícula que constitui o que há.
E que cada pessoa é parte de nós, não fosse assim, não as
perceberíamos. Ora, se olharmos alguém e esse alguém exerce uma influência
sobre nós a ponto de traçarmos um pensamento sobre aquela pessoa, como ela não
é parte de nós? Como duvidar que é tudo uma coisa só? O que varia é onde vai
estar o centro disso tudo. São zilhões de variações. O centro, pode-se dizer
que está numa formiga, se vermos a partir do ponto de vista da formiga em
questão. Ou numa planta, ou numa pessoa que por ser indigente é ignorada.
Se nossa tão ostentada inteligência não nos permitir perceber
minimamente o que nos cerca, ela é algo que difere do que julgamos que ela
representa. Ela serve apenas para descobrirmos a melhor forma de viver.
E se assim é, por que nos julgamos tão superiores?
Inteligência é ver numa única nuvem, dezenas de possibilidades de bichinhos e
não duvidar que cada bichinho visto é de verdade. Ou de mentirinha.
É saber que, se temos a chance de tocar no rosto de alguém, não se deve
fazer isso de forma automática, pois aquele rosto não poderá ser tocado de novo.
Depois já será outro rosto. E outra mão. E outros ares. E outras formas de
sentir.
Pensar é complicado. Deixamos então isso de lado e nos ocupamos do que de fato é
útil na vida. Até que no fim, a única certeza é que fizemos pouco. E o que sobra
é um imenso vazio. E o que se faz com ele?

(...)

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